terça-feira, 1 de maio de 2018

O maior aglomerado de todos

Omega Centauri é um aglomerado globular situado na constelação de Centaurus. Dentro das pesquisas que fiz, este aglomerado é apontado como o maior e mais brilhante dos aglomerados globulares que a orbitam a nossa galáxia. Sua magnitude aparente é 3.7 e por ser muito denso e concentrado, daqui do meu ponto de observação próximo do centro de São Paulo, é possível vê-lo à olho nu. Não temos, é claro, a visão do aglomerado em si, mas algo como uma estrela meio desfocada, uma fumacinha.

É muito fácil observá-lo praticamente com qualquer instrumento, mesmo binóculos. Com telescópios a parti de 135mm já é possível resolver inúmeras estrelas, apresentando uma visão muito impressionante. O número de estrelas, o tamanho desse aglomerado e a cor de algumas estrelas tornam esse um alvo muito interessante.

Omega Centauri ou NGC 5139 são ambas denominações corretas para esse DSO. Existe muita informação na rede sobre esse objeto e acessível a todos. Eu indico, por exemplo, a página da Wikipédia.

Por ser um aglomerado bem brilhante é fácil fotografa-lo de meu ponto de observação, a 3km do centro de São Paulo e da Avenida Paulista. Para essa astrofotografia capturei todos os frames clássicos de imagem e calibração: lights, flats, darks e bias. Com aproximadamente 40 lights de 60segundos, 15 flats, 15 darks e 10 bias consegui a foto que vai abaixo.

NGC5139
Usei novamente um filtro UHC 2" da Optolong que permitiu melhorar o sinal de cada quadro, bloqueando muito bem a poluição luminosa e inclusive a luz natural da Lua (sim, essa foi uma noite de Lua cheia). Para alinhamento, calibração e integração das fotos eu usei o DSS e para o pós-processamento eu usei  o Iris.

Equipamentos: meu telescópio, um Ritchey-Chrétien 200mm f/D8 e montagem Sirius EQ-G. As câmeras foram uma DSLR Canon EOS 600D (também conhecida como T3i no mercado americano) não modificada e, para guiagem, usei uma QHY5L-II acoplada em uma buscadora de 50mm. Novamente ficou com muito ruído, principalmente térmico já que na noite dessa seção a temperatura do sensor da câmera atingiu 36°C.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Messier 42: A nebulosa dos amadores

M42 é uma nebulosa difusa que se encontra entre 1500 e 1800 anos-luz do Sistema Solar. Ela está na constelação de Orion e com sua magnitude aparente em 4 pode ser observada com relativa facilidade, mesmo com instrumentos de menor abertura. Por isso gosto de chama-la de Nebulosa dos Amadores: acredito que esse seja um dos primeiros, senão o primeiro, DSO que todo amador observa. 

Em São Paulo - capital, é possível visualizar esse aglomerado já com um binóculo (difícil), com um refrator pequeno (melhor) e a partir de um refletor de 150mm sua visualização é fácil. Claro, mesmo com aberturas maiores, devido à alta poluição luminosa, a nebulosa fica meio apagada, mas é claramente perceptível.


M42, Messier 42 ou NGC 1976 são todas denominações corretas para essa nebulosa. Não vou falar muito sobre ela para não ser repetitivo. Já tem muita coisa na rede sobre isso e acessível a todos. Eu indico, por exemplo, a página da Wikipédia



Por ser uma nebulosa de grande extensão e baixa magnitude (maior brilho) é relativamente fácil fotografa-la de meu ponto de observação, a 3km do centro de São Paulo e da Avenida Paulista. Para essa astrofotografia capturei todos os frames clássicos de imagem e calibração: lights, flats, darks e bias. Com aproximadamente 100 lights de 30segundos, 15 flats, 15 darks e 10 bias consegui a foto que vai abaixo. 


M42 a partir de uma DSLR Canon EOS600D


Usei dessa vez um filtro UHC 2" da Optolong que permitiu melhorar o sinal de cada quadro mas ainda preciso fazer mais testes para afirmar se a atuação do filtro é positiva. Para alinhamento, calibração e integração das fotos eu usei o DSS e para o pós-processamento eu usei  Photoshop, que ainda estou aprendendo a usar.

Equipamentos: meu telescópio, um Ritchey-Chrétien 200mm f/D8 e montagem Sirius EQ-G. As câmeras foram uma DSLR Canon EOS 600D (também conhecida como T3i no mercado americano) não modificada e, para guiagem, usei uma QHY5L-II acoplada em uma buscadora de 50mm.

O aspecto geral da foto não me agradou muito. Ficou com muito ruído, principalmente térmico já que na noite dessa seção a temperatura aqui em São Paulo era de 25°C e o sensor da câmera atingiu 35°C. Achei positivo que usei um método consistente de guiagem, captura, calibração e pós-processamento. Com a coisa bem metódica fica fácil perceber os erros, os acertos e as oportunidades de melhoria. Na guiagem usei novamente o PHD2 e como software de captura o APT - Astro Photography Tool. É um software muito bom para uso com DSLR: gratuito, fácil de usar e com muitas funcionalidades.

Resultado final em minha opinião: médio para ruim. Tem que aprimorar o sinal (maior tempo por frame) e o pós-processamento. Mas foi uma noite ótima de observação, com um registro importante e uma foto interessante no final de tudo. 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Minha montagem morreu! Mas já voltou à vida....

Ontem à noite passei um belo susto. Depois de muito tempo (nem sei quanto) tive a chance de usar meu equipamento de astronomia. O clima desse verão está complicado para a astronomia pois ao final do dia ou está nublado ou está chovendo, mas ontem à noite estava uma noite muito boa, com céu aberto.

Com todo o equipamento preparado no quintal, eu aperto o botão de liga/desliga da minha montagem - uma Sirius EQ-G (HEQ5) - mas ela não ligou. Mexe aqui, mexe ali, tenta de novo e passados os primeiros 15 minutos de desespero, guardei tudo e fui dormir chateado para tentar ressuscitar a montagem no outro dia. Comprar outra nova está fora de questão: é difícil achar uma, as que se encontram são usadas e caras, mandar importar é mais difícil e mais caro ainda. O jeito que encontrei foi abrir - aos poucos - a montagem e tentar achar algum problema. Não sou especialista em eletrônica mas, perdido por perdido, o máximo que ia acontecer era eu ficar sem montagem, o que já era o fato. Depois acabei vendo que a solução do problema foi facílima.

Inicialmente busquei na internet e segui uma série de testes que outros usuários recomendam:
- testar a fonte: para isso, eu a liguei diretamente ao controle manual e ele funcionou normalmente; então minha fonte estava ok.
- testar o cabo de ligação da montagem com o controle manual: o cabo original é um cabo helicoidal (espiralado, uma mola). Ele pode ser prontamente substituído por um cabo de rede que você tenha certeza que está funcionando. O ideal é usar um multímetro, mas eu não tenho um. Fiz a troca e nada da montagem funcionar. Não era o cabo também

Buscando mais na internet, vi que essas montagens apresentam um problema recorrente de falhas no botão liga/desliga. Esse botão quebra, a montagem não é energizada e não funciona. Com essa informação eu resolvi abrir a montagem.

Inicialmente você precisa tirar o painel que contém o botão liga/desliga, a porta do controle manual, a porta de guiagem e o conector de energia. Isso é feito facilmente soltando-se os dois parafusos da tampa, conforme mostro nas fotos lá no final. Dessa maneira uma placa eletrônica fica exposta. CUIDADO AO ABRIR: os fios são um pouco curtos e puxar muito pode levar ao rompimento de alguma solda. Solte também os dois parafuso que prendem a placa à tampa. Com isso, fica mais fácil manusear o circuito e retirar o botão, que é o que eu queria verificar por enquanto. O botão tem um conector branco que o liga à placa, solte esse conector e então você poderá retirar o botão da tampa.

Olhando mais de perto, percebi que um dos cabos (vermelho) estava levemente frouxo, enquanto o outro (preto), estava muito firme. Puxando de leve acabei descobrindo que a solda desse cabo havia se soltado, gerando um mal contato e levando a falha da montagem (não ligava). Não sei como a solda se soltou, minha montagem fica em um ponto fixo e depois de 4 anos de uso nunca apresentou problema.... Enfim, um novo ponto de solda, seguido da remontagem da placa e tampa trouxeram a montagem de volta à vida, felizmente!

Agora é usar duas ou três noites para realinhar a montagem. Ultimamente tenho usado um local fixo de observação, com um pilar de concreto. Mas, a necessidade dessa manutenção me fez perder todo o alinhamento preciso que eu tinha. Mas é um preço baixo para ter o equipamento funcionando de novo.

Caso alguém tenha esse tipo de problema no futuro, ficam esses pontos para verificar e tentar arrumar seu equipamento antes de arrancar os cabelos e depois estourar o cartão de crédito.


Vista traseira: deve-se soltar os dois parafusos. O painel eletrônico fica à mostra

Tampa traseira com o botão, botão retirado da tampa


 
Botão com a solda quebrada e após a solda nova. Depois de montado, tudo volta a funcionar normalmente.