quinta-feira, 15 de março de 2018

Messier 42: A nebulosa dos amadores

M42 é uma nebulosa difusa que se encontra entre 1500 e 1800 anos-luz do Sistema Solar. Ela está na constelação de Orion e com sua magnitude aparente em 4 pode ser observada com relativa facilidade, mesmo com instrumentos de menor abertura. Por isso gosto de chama-la de Nebulosa dos Amadores: acredito que esse seja um dos primeiros, senão o primeiro, DSO que todo amador observa. 

Em São Paulo - capital, é possível visualizar esse aglomerado já com um binóculo (difícil), com um refrator pequeno (melhor) e a partir de um refletor de 150mm sua visualização é fácil. Claro, mesmo com aberturas maiores, devido à alta poluição luminosa, a nebulosa fica meio apagada, mas é claramente perceptível.


M42, Messier 42 ou NGC 1976 são todas denominações corretas para essa nebulosa. Não vou falar muito sobre ela para não ser repetitivo. Já tem muita coisa na rede sobre isso e acessível a todos. Eu indico, por exemplo, a página da Wikipédia



Por ser uma nebulosa de grande extensão e baixa magnitude (maior brilho) é relativamente fácil fotografa-la de meu ponto de observação, a 3km do centro de São Paulo e da Avenida Paulista. Para essa astrofotografia capturei todos os frames clássicos de imagem e calibração: lights, flats, darks e bias. Com aproximadamente 100 lights de 30segundos, 15 flats, 15 darks e 10 bias consegui a foto que vai abaixo. 


M42 a partir de uma DSLR Canon EOS600D


Usei dessa vez um filtro UHC 2" da Optolong que permitiu melhorar o sinal de cada quadro mas ainda preciso fazer mais testes para afirmar se a atuação do filtro é positiva. Para alinhamento, calibração e integração das fotos eu usei o DSS e para o pós-processamento eu usei  Photoshop, que ainda estou aprendendo a usar.

Equipamentos: meu telescópio, um Ritchey-Chrétien 200mm f/D8 e montagem Sirius EQ-G. As câmeras foram uma DSLR Canon EOS 600D (também conhecida como T3i no mercado americano) não modificada e, para guiagem, usei uma QHY5L-II acoplada em uma buscadora de 50mm.

O aspecto geral da foto não me agradou muito. Ficou com muito ruído, principalmente térmico já que na noite dessa seção a temperatura aqui em São Paulo era de 25°C e o sensor da câmera atingiu 35°C. Achei positivo que usei um método consistente de guiagem, captura, calibração e pós-processamento. Com a coisa bem metódica fica fácil perceber os erros, os acertos e as oportunidades de melhoria. Na guiagem usei novamente o PHD2 e como software de captura o APT - Astro Photography Tool. É um software muito bom para uso com DSLR: gratuito, fácil de usar e com muitas funcionalidades.

Resultado final em minha opinião: médio para ruim. Tem que aprimorar o sinal (maior tempo por frame) e o pós-processamento. Mas foi uma noite ótima de observação, com um registro importante e uma foto interessante no final de tudo.